Do Paraíso ao Inferno - Parte 1

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Aos 12 anos eu já tinha 1,70 metros de altura, foi quando comecei minha carreira.
Procurei uma agência de modelos e eles me adoraram, eu estava muito empolgada e entendia o trabalho como diversão.
No primeiro ano eu só fazia fotografias para revistas brasileiras e de adolescentes, minha mãe era puro orgulho e meu pai tinha muito ciúme da filha única.
Depois dos meus quatorze anos surgiram oportunidades para desfiles no Brasil inteiro. Foi uma mudança drástica, tive que deixar a escola e contratar uma tutora, me distanciei das minhas amigas e como passava muito tempo fora de casa sentia falta das minhas coisas, o que me confortava era o fato de minha mãe estar sempre comigo.
Logo, as viagens para o exterior faziam parte da minha rotina e eu já tinha idade para encarar tudo como um trabalho (que eu nunca me cansava), dava o máximo de mim e me aperfeiçoava com prazer.
Em uma das viagens pela Europa, exatamente na véspera do meu aniversário de 16 anos, meu pai ficou doente e minha mãe teve que voltar para o Rio de Janeiro. Ela não queria me levar e eu não me queixei, a final ele precisava mais da preseñça dela.
Era o que eu pensava.
Na noite seguinte, eu e a equipe saímos para comemorar meu aniversário. Não conhecia todo mundo, mas essas comemorações sempre eram divertidas, fomos a um restaurante fino e com música de muito bom gosto.
A modelo que estava ao meu lado comia bastante, esse tipo de coisa é fácil de reparar quando se está no meio de gente que só come alface e cenoura. Mas ela era tão magra. Como ela conseguia? Devia ficar horas malhando.

Logo descobri que eu estava enganada.
- Com licença, vou ao banheiro. - Disse ela levantando.
- Ah, vou com você. - Me convidei.
Ela me deu um sorriso, como se tivesse visto uma luz no fim do túnel.
No caminho perguntei:

- Nossa você é tão magra, como você faz para ficar assim?
- É segredo, mas eu posso te contar. Gostei de você. - Disse ela com um sorriso malicioso.
Assim que chegamos ao banheiro ela disse:
- Depois de comer você tem até quinze minutos para se livrar de tudo. Simples assim...
- Como assim “me livrar”? – Eu entendi em um milésimo de segundo. - Você está falando em forçar o vômito? Isso é perigoso, isso é.. - Entrei em pânico.
- Hey, calma garota, não tem nada demais nisso. Você controla o vômito e não o contrário. Deixa eu te ensinar.
Incrível como nos deixamos levar facilmente, não é?
Depois daquela noite resolvi que minha dieta estava acabada, eu não precisaria mais controlar a quantidade de comida.
Mas os meses foram passando e mesmo depois de expelir tudo, o resultado já não fazia tanto efeito então resolvi tomar laxantes para ajudar. As “melhoras” começaram a aparecer lentamente, minha mãe sempre me elogiava por estar emagrecendo e achava muito bom, mas eu queria mais.

Um desfile muito importante estava para acontecer e eu queria estar perfeita. Nada me atrapalharia.
E para isso, resolvi parar de comer.

Continua...