terça-feira, 4 de maio de 2010

Do Paraíso ao Inferno - Parte 2 (Final)


weheartit

Não foi difícil parar de me alimentar, minha mãe já não passava tanto tempo comigo.
- Você pode se cuidar sozinha, já é uma mocinha e não precisa de mim 24 horas por dia. – dizia ela sempre que me deixava no aeroporto.
Nesse momento eu estava em Londres e a encontraria em Montreal, nossa próxima parada.

Assim que nos vimos seu primeiro comentário foi:
- Você está emagrecendo muito filha...não tem comido direito?
- É a correria, você sabe como é: fotos, desfiles, passeios, workshops. O mesmo de sempre.
- Humph. Não sei, não. Vou ficar de olho em você.
Com a chegada dela tive que comer algumas coisinhas quando ela estava por perto, por isso voltei a usar os laxantes e a vomitar.
Desde que tinha parado de comer já havia perdido 15 quilos e minha mãe começou a especular que eu trabalhava demais e cuidava pouco da minha saúde.
Numa noite, depois de uma sessão de fotos ao ar livre, eu e a equipe saímos para nos divertir, e ela ficou no hotel.
Enquanto dançávamos e brincávamos estava tudo bem, mas logo que coloquei meu primeiro gole de vodca na boca, aconteceu. Tudo começou a girar e ficar borrado, senti muita dor quando minha cabeça bateu no chão. Acordei no hospital.
- O que aconteceu, mãe? – ainda estava tonta e tentava reconhecer o local a minha volta.
- Filha! Que bom que você acordou. Não se preocupe, a médica já vem conversar com a gente.

Eu travei.
- Médica? Eu não preciso de médica. Eu não tenho nada. - falei enquanto me levantava.
Tarde demais, a doutora já estava no quarto.
- Bom dia.
- Bom dia. - respondemos.
- Marina, ontem fizemos alguns exames e agora quero te fazer algumas perguntas. Gostaria que fosse sincera.
- Sim. – tentei não tremer.
- Quando foi sua última menstruação?
- Mês passado. – tentei parecer convincente.
- Quando foi a última vez que se alimentou?
- Ontem.
- Ok. Você já percebeu e eu também, então vou ser direta. Há quanto tempo você tem anorexia?

Foi um choque. Um banho de água fria. O fim da minha carreira, o início do meu tratamento.
Hoje, com 24 anos, ainda tenho acompanhamento médico, sou formada em moda e trabalho como estilista. Deixei as passarelas pelos bastidores.
Agradeço a minha família e amigos pela força, pois sem eles aquela doença que começou com uma “amizade” poderia ter me matado.




“If you open your eyes
You’ll see that something is wrong”

Um comentário:

  1. Eh, fim previsivel, mas sempre doloroso e.e

    Ralmente gostei, são coisas como essa que fazem pessoas destruir a vida. Sonhos, nem sempre são bons, ainda mais quando vêm repleto de ganancia.

    ResponderExcluir